Higiene circadiana: precisamos falar sobre isso

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Por Claudia R. C. Moreno, professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP

Para compreender o conceito de higiene circadiana, partimos do entendimento de que os ritmos biológicos manifestos de um indivíduo são resultados da interação do próprio indivíduo com o ambiente em que vive.

O histórico fótico do indivíduo, bem como a exposição diária à luz e ao escuro, pode afetar comportamentos, incluindo sono, alimentação, trabalho e atividade física. Junto com as características inerentes dos indivíduos, como idade e sexo, um registro de atividades e comportamentos ao longo das últimas 24 horas pode determinar os ritmos de uma pessoa.

A luz solar tem um impacto potencialmente maior nos ritmos circadianos do que a luz elétrica, pois a proporção de comprimentos de onda curtos no espectro solar é maior. Os efeitos da iluminação natural têm sido associados a um desempenho cognitivo melhorado, alerta, melhoria na qualidade e quantidade do sono e humor. No entanto, temos observado que as pessoas se expõem menos à luz solar, uma vez que passam a maior parte do dia em ambientes fechados.

Horários de sono e de vigília, bem como os horários das refeições devidamente coordenados com o ciclo claro-escuro do ambiente, são também essenciais para manter a saúde. Uma rede que inclui a homeostase, o sono-vigília, a alimentação e o jejum é controlada pelo sistema de temporização circadiana e coordena finamente a regulação temporal do metabolismo.

Hábitos sociais, como trabalho e escola, também afetam o ritmo circadiano, alterando os horários de sono e vigília. A incompatibilidade entre os padrões de sono dos adolescentes e os horários escolares matinais afeta negativamente o desempenho acadêmico. Da mesma forma, o trabalho noturno apresenta um desalinhamento entre o horário de trabalho e o padrão diurno do sistema circadiano, aumentando os riscos para a saúde, como doenças cardiovasculares e metabólicas.

Texto original da Revista do Sono. Leia completa: https://absono.com.br/wp-content/uploads/2023/07/DIGITAL-revista-sono-ed32-2022-min.pdf