Não quero decidir o título
Se falarem que é deles
dá o que é teu
Isso foi o que me disse.
Não anda sozinha a noite,
não use tais roupas
com medo e proibições a gente cresce.
Eu era tão diferente da outra
e nunca entendi o porquê
Hoje tenho suposições.
Estou cansada de dar o que é meu.
Estou cansada de não ser quem sou.
Não quero mais escolher:
se é melhor ir embora ou não.
Não quero mais carregar em mim
culpas, desejos, medos, vidas.
Não quero ter que escolher
se é melhor morrer em casa ou na rua,
Hoje ou amanhã
Com vírus, com bala, estuprada, escravizada.
Estou cansada de ter que escolher.
Estou cansada de amar…
De escolher errado o amor, a ida, o ficar.
Estou cansada e não quero ter que escolher mais nada.
O cálculo do saber se posso ou não posso
Consome incessantemente o que tão pouco sobrou de mim.
Tânia de Araujo Souza, jovem, negra, fisioterapeuta, defensora do SUS. Vítima do Covid-19. Seu sorriso sempre será lembrado!
Tânia, presente!
Dulce Meire Mendes Morais (Mestranda em Saúde Pública)