Sono

O papel da interseccionalidade na análise dos fatores sociodemográficos da saúde do sono

Por Claudia R. C. Moreno, professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

A sobreposição de fatores determinantes dos processos saúde-doença é evidenciada a cada estudo ou observação empírica. É preciso um olhar amplo que dê conta de imbricações sociais e biológicas tanto na pesquisa quanto na prática clínica.

No campo da ciência do sono, por exemplo, as evidências que demonstram disparidades étnicas e raciais na saúde do sono não são recentes. Estudos de base populacional dos EUA realizados nos anos 2000 já mostravam que as características do sono variam de acordo com raça/cor e etnia.

Fatores sociais, como bairro de residência, incluindo taxas de criminalidade na região, falta de acesso adequado à saúde e serviços sociais, qualidade da habitação e discriminação racial foram associados ao aumento de disparidades na saúde do sono nos EUA.

A compreensão das barreiras e desafios que grupos específicos de indivíduos enfrentam em sua busca por um sono adequado e restaurador é essencial para a adoção de ações que visem à ótima qualidade de vida da população como um todo. Desse modo, podemos identificar lacunas no conhecimento científico sobre o sono, que vão desde a ausência de comparações

A abordagem interseccional permite conhecer como fatores distintos coexistem e produzem experiências singulares em contextos sociais e históricos. Tal abordagem reflete as vivências dos indivíduos em várias interseções de suas identidades sociais, corporalidade e perspectiva.

Texto original da Revista do Sono. Leia completa:

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